quarta-feira, 1 de outubro de 2008

ROCK EM PORTUGAL - ROCK EM ALMADA

O rock em Portugal na década de 60 esteve condicionado pelas debilidades estruturais do país e pelas difíceis condições de produção. Apesar de tudo, houve algumas boas iniciativas que não tiveram continuidade porque o serviço militar e a guerra em África faziam, de uma ou doutra maneira, abortar todos os projectos.
Há uma verdadeira eclosão de bandas em meados de 60. Os destaques vão para os Sheiks, os Ekos e o Quarteto 1111. Qualquer um deles gravou vários 45 rotações de nível bastante aceitável, daqueles que não envergonham quando comparados com outros de países que não a Inglaterra e os Estados Unidos. Em 70 aparece o álbum 'Mestre' dos Petrus Castrus e é ainda em meados de 70 que se estreia Jorge Palma, um nome que irá ter influência nas gerações seguintes.
Em Almada, o destaque primeiro vai para os Dakotas e os Guitarras de Fogo. Nos Dakotas pontificavam Luís Paulino, José Eduardo (vulgo Zé Nabo) e Zé da Cadela. Os dois primeiros integrarão mais tarde os Ekos, com os quais gravarão dois EP's. Zé da Cadela, por muitos considerado um dos melhores bateristas portugueses, tocará com diversos músicos, entre os quais José Mário Branco e gravará com os Objectivo alguns discos, onde reencontrará José Eduardo. Tocará também, como músico de estúdio, em imensos discos, sendo de realçar o LP da Filarmónica Fraude. Fez ainda parte dos Kama Sutra, que agrupava um naipe de bons músicos almadenses.
Os Guitarras de Fogo foram os únicos a gravar um EP em 60. Calcorrearam o país em concertos (a certa altura também Zé Nabo e Luís Paulino integraram o grupo). Zé Lourenço e Cª ainda mantêm o grupo em actividade a dar concertos por esse país fora.
Em Almada, além dos Dakotas e dos Guitarras de Fogo, há que lembrar ainda os Falcões, os Sensations e os Ogiva.
É de salientar a importância e pioneirismo, a nível nacional, do Festival da Juventude de Almada, que se realizou desde 1970. O ponto alto desta iniciativa ocorreu com a IV edição, em 9 de Julho de 1974, com a participação de uma das principais bandas inglesas, os Atomic Rooster.
O já referido Kama Sutra terá grande protagonismo nos anos 70, tendo sido uma das estrelas do III Festival da Juventude, em 1973. Dele farão parte um excelente naipe de músicos almadenses, como Gino, Jaime, Barata e Zé da Cadela. É de lembrar o célebre concerto dos Atomic Rooster na Cova da Piedade no qual actuaram na primeira parte.
O sempre presente Zé Nabo, além de músico de estúdio, participou em diversos projectos, dos quais é de realçar o grupo Salada de Frutas. E há o Jorge Fialho, que gravou alguns discos em Inglaterra, o que é, por si só, um feito assinalável.
Uma segunda leva trará os agora célebres UHF e Xutos e Pontapés. E também os Rock & Varius (de Jorge Loução e Gramaço) e os Iodo. Esta segunda leva é responsável por um enorme incremento da actividade musical em Almada, que se traduziu no aparecimento de numerosas bandas nos anos 80 e 90, entre as quais os Da Weasel. Mas esta é uma história já conhecida

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